Malta, Valletta

O nosso primeiro dia começou com um passeio na cidade de Valletta, capital de Malta, um verdadeiro tesouro histórico e cultural, classificado como Património Mundial pela UNESCO. Fundada em 1566 pelos Cavaleiros da Ordem de São João, destaca-se pela sua arquitectura barroca, ruas estreitas e vistas deslumbrantes sobre o Grande Porto. Apesar da sua dimensão compacta, Valeta concentra uma impressionante variedade de museus, igrejas, praças e palácios, como a imponente Co-Catedral de São João e o Palácio do Grão-Mestre. A cidade é também vibrante e cosmopolita, com cafés, restaurantes e lojas elegantes, sendo o ponto de partida ideal para explorar a história e a alma maltesa.

A Fonte do Tritão, situada mesmo à entrada de Valletta, é um dos marcos mais emblemáticos da cidade e um ponto de encontro popular tanto para locais como para visitantes. Inaugurada em 1959, a fonte apresenta três majestosos tritões de bronze a sustentar uma bacia, simbolizando a forte ligação de Malta ao mar Mediterrâneo. Recentemente restaurada, a fonte ganhou nova vida e destaca-se pela sua imponência e beleza, especialmente ao entardecer, quando as luzes realçam os detalhes das esculturas.

O ponto de encontro foi numa praça junto ao novo edifício do Parlamento

Junto ao parlamento encontra-se o que resta da antiga Ópera de Valletta, conhecida como Royal Opera House, é um dos espaços mais simbólicos da capital maltesa. Projetada pelo renomado arquiteto britânico Edward Middleton Barry e inaugurada em 1866, foi durante décadas um dos centros culturais mais prestigiados da ilha. Infelizmente, foi severamente danificada por um bombardeamento durante a Segunda Guerra Mundial, em 1942, e nunca chegou a ser reconstruída no seu formato original. Hoje, as suas ruínas foram transformadas num espaço cultural ao ar livre — o Pjazza Teatru Rjal — mantendo viva a memória do edifício original e acolhendo espectáculos e eventos num cenário único que combina história e modernidade.

Subindo a rua ao lado da opera vamos encontrae a Praça Jean de Valette, este foi um dos mais ilustres Grão-Mestres da Ordem dos Cavaleiros de São João e uma figura central na história de Malta. Nascido em França em 1495, ficou imortalizado pela sua liderança heroica durante o Grande Cerco de 1565, quando as forças otomanas tentaram conquistar a ilha. Sob o seu comando, os cavaleiros e o povo maltês resistiram bravamente ao longo de vários meses, acabando por repelir os invasores. Como reconhecimento pelo seu papel decisivo, Jean de Valette fundou a cidade de Valletta, que viria a tornar-se a nova capital da ilha e símbolo do renascimento maltês. A sua memória permanece viva como um símbolo de coragem, estratégia e dedicação ao seu povo.

Um pouco mais a cima situa-se o Il-Berġa ta’ Kastilja, um dos edifícios mais imponentes da capital maltesa e foi originalmente construída para albergar os cavaleiros da Ordem de São João pertencentes à língua de Castela, Leão e Portugal. Esta “Auberge”, ou hospedaria, destaca-se pela sua arquitectura barroca elegante, tendo sido profundamente remodelada no século XVIII pelo Grão-Mestre António Manoel de Vilhena e, mais tarde, embelezada pelo Grão-Mestre Manuel Pinto da Fonseca — um português que liderou a Ordem entre 1741 e 1773. Pinto da Fonseca deixou uma marca profunda em Malta, não só pela sua longa governação, mas também pelo mecenato artístico e arquitectónico que transformou Valletta. Hoje, Il-Berġa ta’ Kastilja é a residência oficial do Primeiro-Ministro de Malta, mantendo a sua relevância histórica e institucional.

O nosso passeio continuou pelas ruelas de Valletta até pararmos num edifício onde se alojou Napoleão Bonaparte após entrar em Malta a 11 de junho de 1798 durante a sua expedição ao Egipto, numa ação rápida que resultou na rendição da Ordem dos Cavaleiros de São João quase sem resistência. Durante a sua breve estadia de apenas sete dias, Napoleão implementou profundas reformas inspiradas nos ideais da Revolução Francesa, como a abolição dos privilégios feudais, a expulsão dos nobres estrangeiros e a reorganização do sistema educativo e judicial. Apesar da curta duração da sua presença na ilha, as mudanças que impôs tiveram um impacto duradouro na estrutura social e administrativa de Malta, marcando o fim definitivo do domínio da Ordem.

O próximo ponto de interesse foi a Co-Catedral de São João, localizada no coração de Valletta, é uma das joias mais preciosas do património maltês. Construída entre 1572 e 1577 pelos Cavaleiros da Ordem de São João, destaca-se pelo seu exterior austero que contrasta com o esplendor barroco do interior, ricamente decorado com mármores coloridos, esculturas e frescos. Cada capela lateral representa uma das línguas da Ordem, refletindo a diversidade dos cavaleiros. O ponto alto da visita é a obra-prima de Caravaggio, A Decapitação de São João Baptista, que se encontra na oratória. Mais do que um local de culto, a Co-Catedral é um testemunho vivo do poder e da fé que moldaram a história de Malta.

Continuámos o nosso passeio até ao Lower Barrakka Gardens, situado numa das extremidades da península de Valletta, é um encantador jardim público que oferece vistas panorâmicas deslumbrantes sobre o Grande Porto, a cidade fortificada de Vittoriosa e o mar Mediterrâneo.

Este espaço tranquilo e verdejante, adornado com colunas clássicas, esculturas e bancos sombreados por árvores, é um dos locais preferidos tanto por locais como por visitantes para relaxar longe do bulício da cidade. No centro destaca-se um elegante templo em estilo dórico, erguido em homenagem a Sir Alexander Ball, uma figura importante na história de Malta durante o período britânico. Ideal para um passeio ao final da tarde, o Lower Barrakka Gardens é um verdadeiro refúgio de serenidade com uma vista inesquecível.

A partir daqui também se pode ver o Upper Barrakka Gardens, um dos miradouros mais impressionantes de Valletta. Originalmente construído em 1661 como área de lazer para os cavaleiros italianos da Ordem de São João, este jardim elevado combina a tranquilidade das suas zonas verdes com a imponência dos seus arcos de pedra. Um dos pontos altos da visita é a Saluting Battery, onde todos os dias excepto aos domingos, às 12h e às 16h, é disparado um tiro de canhão cerimonial, recriando uma tradição histórica. Com esculturas, bancos à sombra e uma atmosfera relaxante, o Upper Barrakka Gardens é o local ideal para apreciar a beleza e a história viva de Malta.

A última paragem antes do almoço foi na praça St George’s Square, situada em frente ao antigo Palácio do Grão-Mestre, é um dos espaços públicos mais simbólicos de Malta, carregado de significado histórico e patriótico. Ao longo dos séculos, foi palco de cerimónias oficiais, celebrações e momentos decisivos para a identidade nacional. No centro da praça destaca-se uma estátua que representa a figura feminina da República de Malta, símbolo da independência conquistada a 21 de setembro de 1964 e da libertação total com a saída das tropas britânicas a 31 de março de 1979, o chamado Freedom Day. Próxima desta, encontra-se também a estátua dedicada ao 7 de Junho de 1919 (Sette Giugno), que homenageia os quatro civis malteses mortos por tropas britânicas durante manifestações contra as duras condições de vida e o domínio colonial. Estes dois monumentos transformam a praça num verdadeiro santuário cívico, onde se celebra a luta, o sacrifício e a conquista da soberania do povo maltês

O almoço foi num restaurante recomendado pela guia chamado “Nenu”, onde aproveitámos para comer dois dos pratos mais típicos de Malta, o polvo e o coelho.

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